segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Sobre dores e aspirinas Parte II

Fluoxetina. Isso serve para anestesiar o sentir. Vamos agora brincar de viver, fica assim ó: sou feliz, alegre, me emociono nas novelas e dou pão velho pra cachorro com fome. Não posso sentir dor, não nasci pra isso. Aliás, dor foi uma coisa que Deus deve ter inventado num momento de descrença.
Taí, outra coisa que não nasci para ter: descrença. Imagina! A humanidade é compreensiva, doce, flexivel, afetuosa. Os amigos são amigos verdadeiros e a mola do mundo é a empatia.
Enquanto dou ênfase às minhas frustrações, lembro de como tudo isso me cheira à merda.
Seja bom! Escute com atenção! Não jogue lixo na rua! Pare de falar com a boca cheia!
Todas essas convenções só servem pra vender livro de história infantil.
Porque os pais não ensinam a vingarmos de quem nos faz mal, a bater no filho da puta que te passa a perna, não investir em amor? Porque nos deixam a ser bons para aprendermos que devemos ser maus?
Se eu tivesse aprendido que o egoísmo é uma questão de sobrevivência, talvez, numa hora dessas, teria mais chance de querer não querer ser só egoísta. De ter um pouco de fé. Alegria em viver. Prazer em arrancar sorrisos.
Qual o sentido da vida? Sobreviver?! Isso não faz nenhum sentido, já que, ao sobreviver, me mato um pouco de desgosto todos os dias. O que pode me fazer sofrer de temperamento suícida e precisar de um psicólogo, que não eu e que, seja tão ou pior do que eu, para poder me ajudar a entender que não adianta querer entender nada. O entendimento é relativo e sempre vai de atrito com outrém. Ah lá, ta vendo? Se tivessem me ensinado a encarar o adversário, poderia convencer que meus argumentos são mais válidos e sábios do que de outros e, caso ele não aceitasse, lhe daria um belo dum sopapo e ficaria tudo por isso mesmo.
Simplicidade minha gente !!! Essa é a questão. E a culpa é toda da mulher. Sim, me desculpe, mas não defenderei meu gênero. Se as mulheres tivessem sido eficientes nos primordios, Sócrates, Platão, Aristóteles e toda cambada que veio depois, teriam nos poupado de tantas questões existenciais, filosóficas, psicológicas, fundamentalistas, humanistas e etc.etc.etc. Esses caras não faziam nada além de questionar a vida?!! O que adiantou tanto se eles todos morreram depois?
Tá, tá, tem aquela história de livre arbítrio, onde todos podem escolher como devem ou não viver. Só que livre arbítrio foi uma coisa que Deus inventou pra fugir da responsábilidade de todas nossas desgraças. E venho eu questionando O Todo Poderoso novamente. Se Deus inventou o homem, a dor, o livre arbítrio, logo, Deus é o inventor mais maluco que conheço.
Esse monólogo já está me dando nos nervos. Preciso de um café.
Preciso de fluoxetina.
Preciso me achar, mas não quero. Se eu me perder de mim, posso me encontrar do outro lado?
E esse lado, é outro? ou é o mesmo disfarçado?
Do lado de dentro, do lado de fora. Seja como for, a saída é única e a escolha só minha. Eu tenho o "livre arbítrio"!

domingo, 19 de agosto de 2012

Não sou bem vinda em meu próprio precipício 
Viver é um castigo e a morte um privilégio

Cansada.
Triste.
Inválida.

Um corpo, só um corpo.
Me quebrei em mil pedaços e perdi muitas peças.

Posso ir embora?

domingo, 22 de julho de 2012

Penélope



Para Pollyana Alves Oliveira


tens o direito de deixares de me amar...
tens o direito, porque
mesmo em sua recusa,
amar-te
é saber-te meu mar.
- vastidão! e morte.

minha condição.

tens ainda
o direto
de levar meus sonhos,
pois
que é meu sonhar ...?
senão este teu mesmo exercício do amor em mim.

ainda que em silêncio
- sem que teus demônios eu desperte -
entoarei elegias
num humilde intuito de te louvar...

venho percorrendo universos em busca de nossa paz,
ostentando a luz de Prometeu para iluminar esta senda.

- que ainda teça em teu
tear
de meu sonhar o motivo,
sorriso além às lágrimas em
nossa distância a de
       sa
           guar.

sorriso de lua nova...
trilha perdida
que me embala
neste mar.

15-06-2011

juntos


eu
cuido de mim,
você cuida de você
e assim,

cuidamos um do outro.

onde poderíamos chegar?
escorados, encostados,
com a incômoda sensação de sermo-nos indispensáveis.

antes,
nos faremos universo
inesgotável guarida e mistério.

seremos ainda receio
pois a segurança plena
tende ao insulso e ao insucesso.

não vitalícia carta de confirmação
mas a reprimenda, sinceridade e oposição.
em contraste nos tornaremos um

pois é tensão o motor do mundo.
e o que é o mundo quando olhos alheios nos tornam-se imprescindíveis para a própria visão?

Postado por L. Fernando Rintrah

Pollyana,

em meu doce dever de te adorar
, humildemente lhe teço esta singela polianteia.

por não cuidar ao teu louvor os metros feitos
, esta ode, em polimétrico ensejo, eu conduzo.

tamanha a confusão de meus sentidos
à tua imagem que polissêmico é meu deleite.

como a dança dos astros, me soam teus
ângulos - intraduzível poliorama.

não bastaria, para traçar-lhe o meu apreço
, dos grandes mestres a excelsa polimatia

se aturdido me esboço em vertigem
diante tua singular imagem - divinal poliprisma.

mesmo não lhe sejam à altura meus versos, nem minha pobre
língua, ainda não o bastante um poliglótico coral de anjos.

ébrio, encontro em ti todos os perfumes!
, todas as cores! em teu eterno e poliantico florescer.

transmuta-me o ser o teu enlevo
, moldo-me aos teus encantos, polimorfo amante de tuas formas.

contemplo, abstraindo-me do tempo
, a policromática matiz de teus olhos.

para os momentos enfermos e todas as dores,
a ternura de teu policresto amor.

há em tua voz, a embalar meus dias
, o terno ritmo de uma polifônica sinfonia.

há, em teus gestos eleitos, uma polidez
que excede a das mais altas musas.

ah! é minha fome excessiva de teu calor
, polífago adicto de teu corpo.

sou poligamicamente apaixonado
por todas as mulheres que confluem em teu ser -
máxima expressão da feminilidade.

Pollyana,

eu te poliamo!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Carta à uma amiga

Oh amiga querida, embora tornemos próximas a pouco tempo, ouso-lhe um íntimo pedido:
Minha adorada, acontece que nesses tempos me esqueci de respirar. Perdi-me no caminho.
Tropecei e caí ao chão.
Os farrapos que me restaram, não me sustentam mais.
Sabe aquele raio de sol, o primeiro logo no amanhecer? Não posso mais enxerga-lo. Nem a lua e a noite.
Dá chuva já não sinto cheiro e nem meu próprio corpo sou capaz de tocar.
Minha cara, os dias e as noites são iguais, o tempo deixou de existir. Não sinto fome e nem frio.
E nos sonhos ! Ora, estes só me fazem enganar: mostram-me feliz. Mostram-me aconchegada em pequenos cachos atrás da orelha adornada. Os sonhos me fazem sorrir. O cheiro volta e, com ele o sabor.
Os planos. Ah, os planos ! Neles posso viajar no infinito. Meu coração se completa e minha alma contempla a plenitude de viver.
Mas, minha estimada, estes sonhos me matam aos poucos. Me matam porque não são eternos, me matam porque são perturbados e acabam por se interromper. Eles são frágeis, efêmeros, enganosos.
E se... E se eu sonhasse pra sempre querida?
Você pode me fazer sonhar pra sempre?
Juro que não tenho medo de você.
Olha, o que eu te peço não é muito. Poxa, você já tira de letra !
Não tenhas receio, não ficarás com fama de boazinha. Eu sei guardar segredo. Todos pensarão que me pegou na surdina, em plena juventude e vigor, um caminho pela frente e todo aquele discurso que já conhecemos.
Se você puder, querida, seja rápida para ser eficaz. Sabe, a idade nos tira um pouco da coragem e de repente eu posso querer lutar contra você. 
Mas tem um jeito se isso acontecer ! Você me diz que eu vou sonhar pra sempre e vou poder me aconchegar nos pequenos cachos atras da orelha adornada, que vou ver as esmeraldas reluzentes e o rubor delicado, vou retomar os planos, sentir alegria, acreditar no mundo e que ainda há esperança! Me digas isso e me entregarei.
Ao menos pense... posso ser presa  fácil ou fingir de difícil pra te animar. Posso te bajular e inflar o ego- sou boa nisso- sei de psicologia das motivações! Posso tantas coisas, tantas coisas queiras de mim, a me dar este favor.
Agora, me despeço.
Posso ter esperanças?
No que posso ter esperanças?
Na vida?
Na morte?
Na vida morta?
Eu prefiro a morta vida... A morta vida... Amor ta vida...Amor da minha vida.