Esvaecer-se de si num aconchegante abismo de pensamentos sórdidos
esburacados pelo acaso de sentir.
Uma queda sem fim e um coração destravado, disposto ao que foi anteriormente sempre rejeitado.
Sem cor, derretendo em entregue deleite, absorve cada momento. De nada e de tudo.
O azedume do estrago lhe toma a boca e o ardor da pele ferida mascara a falta que o peito sente.
Por um segundo, só por um segundo foi possível não pensar em nada.
A queda é uma constante, guerreia entre as crises e aspira o notório.
Impróprio.
Inevitavelmente o filme que lhe assite entende o enredo forjado.
Não há mais saída. As portas foram trancadas e o contrato, quebrado.
O grito que separa o agudo do próprio infnito, emudeceu por um certo pavor desnecessário.
Contínua.
Profunda.
Inóspito.
Conformação ao contrário.
Que salte a sorte!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSem palavras!
ResponderExcluirGostei Muito!
embora o texto discorra numa espécie de monologo que se fecha em si mesmo, inclusive pela disposição sintática árida, é como se o eu-lírico se dissipasse ante um sentimento universal que se afirma a todo o instante, irrompendo, quase paradoxalmente, no léxico que despeja - "destravado, entregue, tudo,constante,assiste, infinito, contínua, profunda".
clichê caracterizar como moderno, mas é perdido e descrente como a contemporaneidade, remonta à busca incessante do espírito de nosso tempo. dias nos quais é necessário nutrir-se mesmo da violência e da iniquidade, "pensamentos sórdidos, azedume do estrago, pele ferida".
qualquer sentido para uma moral freme ante a espada pendente - "a queda é uma constante, guerreia entre as crises e aspira o notório / As portas foram trancadas e o contrato, quebrado".
a identificação com Deus não é possível - "o grito que separa o agudo do próprio infnito". há medo, "pavor"!
o abismo
é a nossa herança.
triste. pois mesmo a poesia tornou-se inóspita.
é uma das poucas que, carregando consigo a lira, é capaz de alcançar harmonia no ruído da vida.
parabéns!