Minh'alma
Corpo
Solo, insólito
Abrigo de teu amor
Tuas mãos em meus seios
Chegam a tocar meu coração
Entre suor e desejo,
Um sussurro
Pele
Cosmos
Destino entregue em teus braços
Vida. Me dá e me tira. Quando longe,
Tão perto
De ti, da tua, sou sua
És meu
Sempre. Mar.
Meu forte
Desejo e razão de amar.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Sempre que abro os olhos pela manhã, deparo-me com um sonho. Este sonho tem duração média de 17 horas todos os dias.
Quando me canso, deito-me para viver um pouco. Esse pouco que vivo não satisfaz meu enorme desejo de viver. Sinto que estou completamente incompleta.
Nos meus sonhos, que parecem ser tão reais, sou constantemente agredida. Sofro agressões de muitas maneiras.
E é difícil sonhar às vezes.
Tenho me tornando tão só, tão.
Mas tenho feito descobertas incríveis.
Assim como a ostra que sofre agressões para produzir sua pérola, estou produzindo as minhas. No meu caso, produzo maralumas.
As maralumas são únicas e exclusivas, no mundo inteiro elas não pertencem a mais ninguém.
E como é bom ter maralumas!
E como é ruim ter maralumas!
Quando vivo, muitas cenas se repetem: aquele sorriso tímido do olhar profundo que me sonda. O dourado que envolve o saber de tantas poesias, tantas inquietações e tantas desconfianças. Aquela explosão primeira, que eclode e cessa, eclode e cessa. E o conforto de um abraço saudoso, despretensioso, só acolhedor.
Por isso eu gosto tanto de viver. Lá, na vida, me encontro sempre com ele, o meu amor.
O meu amor me encontrou envolvido por melodias pesadas, álcool e desesperanças. Duas almas. Dois espelhos. Um destino.
Um simples olhar e o mundo se transformou. Como somos poderosos !
Quando nossos corpos se encontram, sempre uma catarse catastrófica e mágica nos toma, nos doma e nos derruba. Somos invadidos pelo sentir, pelo expelir e então, prostrados ante o cume de nosso sórdido e saboroso desejo. Somos invencíveis e, ao mesmo tempo, tão vulneráveis a esse nosso sentimento.
Somos antítese. Somos iguais. Somos nada. Somos partes. Somos tudo. Somos o eu. Somos o outro. Somos um. Somos tantos.
E por viver assim, não quero viver outrossim.
Se for com você, por você e por mim.
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Escrevo pra não morrer engasgada com minhas angustias. Acho que, além do Luíz, não tenho outros leitores, então, escrevo por mim, por nós.
Como eu me envergonho de ser gente! Eu tenho nojo de ser humana quando escuto um relato como o do meu atendimento hoje: um pai que tenta matar uma criança, que a abusa e humilha de todas as formas que só um ser humano pode fazer. Detesto quando alguém vem com aquele discursinho pronto e repetitivo: "Que absurdo! isso não é humano". Não é humano o caralho! Bicho não tem coragem de fazer tanta maldade.
Cada dia que vivo, cada pessoa que passa pelos meus cuidados, vejo o quanto aprendo com elas. O quanto reclamamos por que no íntimo, não temos nada a reclamar. Tem gente que vive um filme de terror na vida real e, é pra essas pessoas que meu coração se dirige nesse momento. É pra você que foi massacrado pela vida, por sua própria família, foi corrompido, vilipendiado, jogado e esquecido - eu peço perdão. Me perdoem por ser egoísta, incompreensiva, queixosa da vida maravilhosa que tenho e muitas vezes não dou valor. Pra você que viu o pão na mesa e foi impedido de comer pra te torturarem. Que passou noites em claro por medo de morrer com as ameaças e a faca que o pai guarda embaixo do travesseiro. Pra você que foi enforcado pela pessoa que te gerou. Teve os cabelos puxados e seu corpo jogado contra a parede. Eu peço perdão pra você que teve de tirar a roupa e aguentar o peso sobre seu corpo de alguém da própria família. Que viu a poça de sangue na frente da sua casa, por uma faca que atravessou a mão da sua mãe. Dos aniversários que não te cantaram parabéns. Dos natais que foi dormir mais cedo pra que aquela noite vazia acabasse logo. Você, que teve a inocência roubada, seus sonhos atirados no lixo. Sua barriga roncando. Sua vida escarrada, eu peço, mais uma vez, perdão. Se minha profissão vale de alguma coisa, é pra te acolher, amparar. Obrigada a todos que confiam seus pesadelos, seus segredos mais íntimos aos meus cuidados. É por vocês que persisto!
sábado, 15 de setembro de 2012
You judged me and corrupted and blamed.
Had to change. You made me to be different that I am.
I had to reinvent myself.
But the person who created it has nothing to do with me.
Now I do not know what to do. This new intruder came over me and I can not measure forces.
And if I can no longer find me and lose me forever?
damn society
(Procustes)
Samsara Átman
Had to change. You made me to be different that I am.
I had to reinvent myself.
But the person who created it has nothing to do with me.
Now I do not know what to do. This new intruder came over me and I can not measure forces.
And if I can no longer find me and lose me forever?
damn society
Samsara Átman
domingo, 9 de setembro de 2012
sábado, 8 de setembro de 2012
Amor Poesia e Sabedoria (Edgar Morin)
A idéia de se poder definir o gênero homo atribuindo-lhe a A idéia de se poder definir o gênero homo atribuindo-lhe a qualidade de sapiens, ou seja, de um ser racional e sábio, é sem dúvida uma idéia pouco racional e sábia. Ser Homo implica ser igualmente demens: em manifestar uma afetividade extrema, convulsiva, com paixões, cóleras, gritos, mudanças brutais de humor; em carregar consigo uma fonte permanente de delírio; em crer na virtude de sacrifícios sanguinolentos, e dar corpo, existência e poder a mitos e deuses de sua imaginação. Há no ser humano um foco permanente de Ubris, a desmesura dos gregos.
A loucura humana é fonte de ódio, crueldade, barbárie, cegueira. Mas sem as desordens da afetividade e as irrupções do imaginário, e sem a loucura do impossível, não haveria élan, criação, invenção, amor, poesia. O ser humano é um animal insuficiente, não apenas na razão, mas é também dotado de desrazão.
Temos, entretanto, necessidade de controlar o homo demens para exercer um pensamento racional, argumentado, crítico, complexo. Temos necessidade de inibir em nós o que o demens tem de homicida, malvado, imbecil. Temos necessidade de sabedoria, o que nos requer prudência, temperança, comedimento, desprendimento.
Prudência, sim, mas isso não significa esterilizar nossas vidas, evitar riscos a qualquer custo? Temperança, sim, mas será mesmo necessário evitar a experiência da "consumação" e do êxtase? Desprendimento, sim, mas será mesmo necessário renunciar aos laços de amizade e amor?
O mundo em que vivemos talvez seja um mundo de aparências, a espuma de uma realidade mais profunda que escapa ao tempo, ao espaço, a nossos sentidos e a nosso entendimento. Mas nosso mundo da separação, da dispersão, da finitude significa também o mundo da atração, do reencontro, da exaltação. E estamos plenamente imersos neste mundo que é o de nossos sofrimentos, felicidades e amores. Não experimentá-lo é evitar o sofrimento, mas também não haverá o gozo. Quanto mais estamos aptos à felicidade, mais nos aproximamos da infelicidade. O Tao-te-ching diz muito apropriadamente:"A infelicidade caminha lado a lado com a felicidade; a felicidade dorme ao pé da infelicidade." Estamos condenados ao paradoxo de manter em nós, simultaneamente, a consciência da vacuidade do mundo e da plenitude que nos propicia a vida quando pode ou quando quer. Se a sabedoria nos incita ao desapego do mundo da vida, será que ela está sendo verdadeiramente sábia? Se aspiramos à plenitude do amor, isso significa que somos verdadeiramente loucos?
Reconhecemos o amor como o ápice mais perfeito da loucura e da sabedoria, ou seja, que no amor, sabedoria e loucura não apenas são inseparáveis, mas se interpenetram mutuamente. Reconhecemos a poesia não apenas como um modo de expressão literária, mas como um estado segundo do ser que advém da participação, do fervor, da admiração, da comunhão, da embriaguez, da exaltação e, obviamente, do amor, que contém em si todas as expressões desse estado segundo. A poesia é liberada do mito e da razão, mas contém em si sua união. O estado poético nos transporta através da loucura e da sabedoria, e para além delas.
O amor faz parte da poesia da vida. A poesia faz parte do amor da vida. Amor e poesia engendram-se mutuamente e podem identificar-se um com o outro.
Se o amor expressa o ápice supremo da sabedoria e da loucura, é preciso assumir o amor.
A sabedoria pode problematizar o amor e a poesia, mas o amor e a poesia podem reciprocamente problematizar a sabedoria. O itinerário aqui proposto que conteria amor, poesia, sabedoria, comportaria, em si mesmo, esta mútua problematização.
Devemos fazer tudo para desenvolver nossa racionalidade, mas é em seu próprio desenvolvimento que a racionalidade reconhece os limites da razão, e efetua o diálogo com o irracionalizável.
O excesso de sabedoria pode transformar-se em loucura, mas a sabedoria só a impede, misturando-se à loucura da poesia e do amor.
Nosso cotidiano vive sempre em busca do sentido. Mas o sentido não é originário, não provém da exterioridade de nossos seres. Emerge da participação, da fraternização, do amor. O sentido do amor e da poesia é o sentido da qualidade suprema da vida. Amor e poesia, quando concebidos como fins e meios do viver, dão plenitude de sentido ao "viver por viver".
A partir daí, podemos assumir, mas com plena consciência, o destino antropológico do homo sapiens-demens, que implica nunca cessar de fazer dialogar em nós mesmos sabedoria e loucura, ousadia e prudência, economia e gasto, temperança e "consumação", desprendimento e apego.
Tudo isso implica endossar a tensão dialogal, que mantém permanentemente a complementaridade e o antagonismo entre amor-poesia e sabedoria-racionalidade.
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