quarta-feira, 4 de maio de 2011

Separados

Diante de nós
distante do eixo
Na fagulha do acaso
No fracasso de outros desejos

Assim nos encontramos

Em constante querer
ou delicados no amar

Talvez o medo do desconhecido
Mas a coragem de submeter-se
À propósito do proprio destino, lancei mão de você

Separados do mundo
Separado para mim
Separada para você

Assim somos

Juntamente separados um para o outro

Talvez à pretenção de ser "Juntos", um texto sobre nós
Me li em suas palavras
Me releio em seus olhos
Arrisco a soar-me abusadamente importante

No avesso da vida
Particularmente me encontro
Nos teus braços,
Em tua pele,
Na poesia,
No não dito;
me corrompo

Sou declaradamente sua

Por Pollyana Oliveira

terça-feira, 5 de abril de 2011

No és (el) Rosa

Quem dera pudesse ser uma rosa qualquer
Ou até mesmo um espinho
Uma flor desabrochando em seus pecados mais intimos

Um acordo brutal maquiado pelo cotidiano
parte da aposta
Concentração arbitrariamente divagada

Como eu queria ser como todas as outras
Castas
Rasas
Languidas
Puras
Delicadas

Viver a felicidade falsa
Rir das suas piadas
Me apavorar com a corrupção

Quem dera pusse esquecer-me do caos
do avesso
daquilo que preferem mascarar
da saudade de alguém que pudesse vir a ser alguém, de repente

Que dom tenho eu além do permanecer viva?
Não sou rosa
Não sou flor que se cheire
Definitivamente

Nem todas as outras
Ou algumas delas
Em um bouquet de decepções
Eu te ofereço minha outra metade

Por Pollyana Oliveira

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Eu hoje estou pagando

Na mesma moeda com pensamento corrosivo-destrutivo-arrasador.
Vou devolvendo cada centavo, alimentando a pança imunda e nojeta do porquinho, cada vez mais gordo e cheio de vazio.
A cada escarrada e a cada tossida dos pulmões eu pago o preço.
Não é barato. Não é caro. Não é os olhos da cara, mas o preço da alma.
E o quanto isso me custa?
Já está pago, mas continuo devendo.
O valor embutido no aparente sorriso e na gentileza concedida à mingua de alguns merréis.
Mais uma vez eu pago o preço.
Agradeço o desapego, a indiferença pode vir de brinde. Aleluia ! algo me veio de graça.
Mais uma dose.
A ressaca de algo indigestamente indispensável.
Bate aqui, me chama de puta, eu arremato seu destino e lanço no ralo.
Deixe ir embora, ou não.
Corrompendo com o útero imaturamente cru vou me formando à desgraça inerente, batida com vodka e três cubos de gelo.
A dúvida. A dívida.
Deixe o fogo queimar cada tostão inteiro, sem dó.
Eu não tenho compaixão.
Eu sou é oportunista.
Eu sou o que você tenta esconder - lado negro, o carater raso, a dor da lagrima, o repudio alheio, vontade indesejada.
Me tire do cenário. Me pendure no cabide. Eu te aviso.
Ou você... Eu te aviso.
A conexão foi cortada.

Por Pollyana Oliveira

sexta-feira, 25 de março de 2011

tanta gente e ninguém

5 minutos

Quando o pensar já não basta
E o desejo se alastra
A pele arde em fogo
Juntando peças desse jogo

Querer-te para mim seria pretensão
mas que culpa tenho eu então?
De sonhar e acordar sozinha
Curar a falta e a saudade minha

Se escrever me alivia
Essa arma tem valia
Mas de palavras já não basto
São só letras e verbo gasto

Tenho vontade de sumir
Mas não sei pra onde ir
Nada e tudo se misturam
Angustia e vazio me torturam

O que me resta é só o resto
São intenções de alguns gestos
A pobreza do rimar
E a insistencia no amar

Óh coração, por piedade me dê paz
Nem que seja pra parar e ficar donde jáz
Da morte já não tenho medo
Nem do mundo mais apego

Por Pollyana Oliveira

quinta-feira, 24 de março de 2011

Cordel da Juntança

Eu vou contar uma historia
De um casal muito arretado
O amor era tão bonito
Pena que eles andavam separados

A menina flor sofria em seu interior
Chorava suas magoas e no desgosto se acabou
Sentia tanta saudade, chorosa feito condor
Sonhava com seu príncipe que era mesmo o seu amor

Esta historia poderia ter um final feliz
Depende de quem conta e do que o verso diz
Eu quero ajudar, a moça muito merece
O rapaz é bom também, sangue quente, cabra da peste

Ele tem cabelo grande, quase quase um Sansão
É muito moderno, tem guitarra elétrica na mão
Sua prosa é bonita e tem beleza
E não é que esse cabra é mesmo um conhecedor das letras?


A menina é muito doce, parece até um figo
Tem os cabelos loiros e um santinho de amigo
Cuida das pessoas, não se importa com o perigo
Precisa de amor, pois seu coração anda partido

E se agora nóis mudasse o rumo dessa história
E desse pra esses dois uma nova trajetória?

Beije ela moço e a coloque em seus braços
Não perca essa donzela que tem o coração em estilhaço
Basta dizer que sim pra mudar esse final
Pegue na mão dela e a livre desse mal
Eu rezo é pros anjinhos que torçam e digam amém
Ela é o seu amor e ele é o seu bem

Veja que beleza a formosura de casal
Agora é esperar pra essa historia ter final
Posso sugerir?
O que acham de um matrimonio e etecetera e tal?


sexta-feira, 18 de março de 2011

El Antifaz - A carta

Estava eu pensando com meus botões: mas que porra toda é essa?
Não se trata apenas de um desperdício, mas de algo que pode ser irreparável, irreversível.
Afinal o que é a solidão?
Fico emputecida quando vejo a vida passar diante dos meus olhos e nem sequer me perguntar: "E ai, quer uma carona?"
Se minha vida passa, se ela muda de direção, escorre no tempo e o caraleo a quatro ... ela tem vontade própria. Se ela tem vontade propria ela não é minha. Se ela não é minha, afinal de quem ela é?
Acabei de me descobrir uma semi-viva ou quase morta.
E o que me deixa mais puta ainda é esse "semi" "quase", odeio coisas médias, mornas, insossas...
Eu to bege. Não! não é força de expressão. To bege mesmo. Sabe aquela corzinha sem graça que não é branco, nem amarelo, nem marrom, nem nada? Então. É bege.
Igual ir numa sorveteria e pedir sorvete de flocos. Tão obvio, tão cliche, tão...tão...Bege!
Agora a frase "seja você mesmo mas não seja sempre o mesmo" virou modinha e mais uma vez me pergunto: " Tá, tá, ok, mas... tú sabes quem és afinal?"
Como ser diferente do que és se nem ao menos se sabe ser alguém?
Acordaaaaaaaa. Eu tenho medo das pessoas.
Quanto fingimento de vida.
Tira essa máscara e vem comigo.
Eu quero me atirar no desconhecido que sou. E seria muita pretenção dizer que me conheço, já que ao começar escrever essa porra aqui, mudei de rumo seu desfecho umas 4 vezes pelo menos. Sim, não sou mais a mesma de 2 minutos atras. Ainda bem.
Nessas horas nem Hume me tiraria do conflito...
Será que tem a ver com o fato de eu ser Polly?
Mas quantas Anas mais existem dentro de mim? Quando acho que conheci quase todas percebo que elas estão numa putaria só. Todas com a xana a flor da pele, se reproduzindo a torto e a direita, multiplicando-se dentro de mim.
Ana! Ana! Anaaaaa!!! Não não, não você, aquela que está na direita, paradinha ali no canto. Sim, você!
Passa aqui depois ok? Não me deixe na mão, to muito precisada de você...

Algumas horas depois nesse mesmo dia...

Ela não passou e a Ana aqui parece não saber como acabar esse texto.
Aliás, sempre tive dificuldade em finalizar as coisas em minha vida: começava aula de violão- parava; aula de capoeira-parava; ingles... ingles acho que comecei umas 3 vezes... e o francês... ah esse eu gostava muito mon amour, mas também parei.

To com fome.

To pensando numa pessoa que está longe...

Quero beber hoje, mas não vou. A propósito, acabei de ficar loira !

Dizer que minha mãe está me chamando é uma boa saída pra acabar isso aqui?







Até loguinho....